Parar não significa somente estagnar, mas também contemplar.

by - setembro 16, 2019


              Acordei nervosa e impaciente nesta segunda-feira (16). Já havia ido dormir com uma sensação de perda na noite anterior. Você já se sentiu assim? Bem, graças a Deus ninguém morreu. Talvez a sensação tenha sido porque estive assistindo a Station 19 — uma série de bombeiros commuito incêndio, acidentes, vida cotidiana e drama. A série trata de mostrar a todos (incluindo os profissionais) como pessoas, indivíduos com uma vida e uma rotina assim como as pessoas a quem eles prestam socorro. Ela apresenta e desenvolve o lado humano de cada personagem, seja ele paciente ou os bombeiros.

E isso me fez pensar no quanto a vida é delicada como uma taça de cristal. À nossa vida, a vida das pessoas que convivem a nossa volta e que fazem parte da nossa história. Isso me encheu de tanta angústia que enquanto o meu namorado me trazia para casa ao fim da noite, eu só queria rever a minha mãe, mas quando a vi a sensação permaneceu, e dessa vez era por estar longe do meu namorado (que por sinal estava comigo há minutos). Conseguiu compreender? Vocês já sentiram isso? Como se dando conta de que não pode proteger a nenhum desses seres que você tanto ama? Que não podemos estar com eles vinte e quatro horas por dia? O quanto eles estão vulneráveis?


Isso me fez acordar hoje toda inquieta. Querendo escrever o que tinha para ser escrito, querendo fazer o que eu não tinha feito na semana anterior; querendo lavar roupa e limpar a casa mais cedo, enfim... Fazer tudo. Fazer tudo! Como se nada disso pudesse esperar. Como se o mundo fosse acabar caso eu não fizesse o que acho que tem de ser feito, e minha alma não fosse descansar em paz (tenho me pego pensando muito sobre isso tbem) ao fim. Mas eu sabia que mesmo que fizesse o que quer que fosse, esse sentimento não iria se dissipar, porque não se trata de resolver tarefas, é algo psicológico e emocional. E lá pelas oito e meia da manhã, enquanto esquentava o café depois daquele banho-remédio, eu saí na varanda e me coloquei na frestinha de sol.

Tenho passado muito tempo em casa. Anos na verdade, do sofá pra cama, pro sofá, pra cozinha, pro home office (vulgo EscrivaninhaRaiz), e sentir o sol é até um pouco estranho as vezes (têm dias que eu nem coloco a cara na rua e eu sei que preciso sair mais). Mas o que acontece, é que olhei para o céu. Para o lado azul, onde as nuvens não passavam tão depressa e tinha um urubu, sim meus amigos, não um passarinho fofinho e poético, mas um urubu. E ele estava voando de um jeito tão livre, sabe? As asas abertas como que planando longe e um único bater de asas para se manter no ar a cada momento.

Enfim, eu me peguei parada e lembrei de me obriguei a respirar. A me sentir. A perceber o meu corpo e concluir que faço parte de tudo isso. Me lembrei de manter a calma, estar calma, ser calma. Estar presente. Ser presente. A parar de pensar e sair da minha cabeça. E me dei conta de que é isso: a angústia e a inquietude nem sempre vão ser resolvida quando fizermos tudo que achamos necessário. Quantas vezes você para no seu dia, não para criar ou produzir, mas para receber, contemplar? Sabe, há vida em você. Mas a vida está acontecendo lá fora e às vezes, viver também é parar e contemplar.

E talvez você esteja se perguntando o que tudo isso, como estar parado, tem haver com a vida delicada das pessoas que amamos. Tem tudo. Parar nem sempre significa estar estagnado. A gente para pra contemplar também, e se dar conta do quanto estamos vulneráveis, o que nos faz dar mais valor a nossa vida e as pessoas que estão conosco agora.

Não sei se conhecem o significado ou se já ouviu falar, mas lembrei de algo que li no inicio do ano quando estava com essas sensações desconfortáveis: MOMENTO MORI, MOMENTO VIVERE. Se você não conhece a pequena fábula, vale a pena dar uma pesquisada no Google. ;)

É isso pessoal. Obrigada pela atenção e vocês e até o próximo post. 💕
É nóis, turma! 


Não tenho apenas uma casa. a morada sou eu e os meus endereços são vários:

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