Resenha | Corte de Névoa e Fúria #2 de Sarah J. Maas | [+18]

by - fevereiro 06, 2019




"— Oi, Feyre, querida. — ronronou Rhysand." — Feyre | resenha volume 1 aqui.

Antes, dois pequenos avisos: (1) Corte de Névoa e Fúria tem um aumento ainda maior do que ACOTAR de cenas consideradas inadequadas ou improprias (sangue, sexo e mais violência) para menores de dezoito anos, então espero que você jovenzinho de dezesseis ou menos aguarde mais um pouquinho para apreciar esse segundo volume, do contrário a responsabilidade é toda sua (e espero que sua mãe resolva folhear o livro enquanto você estiver dormindo). (2) Para ler minhas conclusões bem resumidas sore ACOFAS role lá pro finalzinho do post.

por Jéssica Faustino

              Mantendo a divisão da história por partes e capítulos o segundo volume inicia-se três meses após os terrores em Sob a Montanha, encontramos uma Feyre que sofre de pesadelos e tem dificuldades em ajustar-se ao seu corpo de Grã-feérica, sua força e a descoberta de seus novos poderes — o que é um ponto positivo, onde a autora quebra a ideia de que deixar de ser humano e se transformar em outra espécie seja só maravilhas. Nossa personagem não tem lhe dado muito bem com o sacrifício dos dois feéricos que precisou fazer em ACOTAR e agora vive se atormentando. Alguns leitores podem achar baboseira ou exagero, mas não é — e se você achou isso, repense. Sarah J. Maas não tira os sentimentos da Feyre só por suas mudanças, como a personagem deixou claro no primeiro volume “meu coração ainda é humano” e particularmente isso faz todo o sentido para mim!

Em Corte de Espinhos e Rosas temos uma humana corajosa e petulante; em Corte de Névoa e Fúria ganhamos uma Feyre feérica frágil, e ao contrário do que parece, isso não é um problemas. Sarah J. Maas é muito coerente com os personagens e suas atitudes, e não seria agora que ela faria diferente. Ninguém é o mesmo após passar por situações traumáticas, então porque exigir isso da Feyre? Uma jovem, antes livre e independente que se tornou prisioneira com a morte garantida? Inclusive foi torturada, morreu e foi ressuscitada, longe da família e vivendo em um mundo com costumes e regras novas? Sejamos sensatos. Exigimos personagens fortes e bem construídos e todos dessa trilogia são! Possuem personalidades tão bem elaboradas que você reconhece quem está falando durante um diálogo. Então sim. Feyre inicia o livro muito fragilizada, sendo prisioneira do medo de Tamlin (que também não passou por bons momentos em ACOTAR) e onde todos, cortes e feéricos precisam aprender a viver suas vidas novamente.

E não. A Feyre não sofre um “declínio de personalidade”, mas de transtorno pós-traumático. É totalmente justificável que depois de toda a situação ela tenha estado diferente, então não abandone o livro nas primeiras páginas e mantenha a mente aberta. Sarah irá trabalhar esse ponto e muitos outros durante o passar das páginas. Ou seja, é proposital essa mudança.



Leia o primeiro livro Corte de Espinhos e Rosas.

              A autora me surpreendeu no primeiro livro, e no segundo foi uma aula de escrita criativa. Quando achei que não tinha mais nada do mundo féerico para trazer em cena na história ou até mesmo que a Sarah fosse se enrolar toda como muitos autores fazem (fugindo do que importa), ela resolve contornar clichês, usando técnicas e arriscando tiros no escuro (e ela tem um olhar afiado). Claro que no início sua escrita parece ter perdido um pouco de originalidade (talvez possa ter sido a tradução), mas o estranho (e bom) é que a escrita melhora no decorrer do livro. Essa trilogia é um marco na minha vida de leitora (e aspirante a escritora).

"Debati se dizia algo sujo para ele, mas teria requerido mais irritação que eu sentia: e teria requerido que eu me importasse mais com o que Rhys pensava."

Rhysand é uma prova disso. Normalmente quem leu apenas o primeiro volume não entende o amor que temos pelo personagem e inclusive xinga o pobre coitado sem nem conhecê-lo (olha uma lição da Sarah para nós). Ele que parecia um embuste colocado em cenas para tapar buracos ganha um pouco mais de espaço nos pensamentos da Feyre. No início eu achei tosco já que ele ágil tão mal quanto a vilã, Amaranta. Ambos haviam escrito os destinos do casal e da corte. Ambos assassinaram por diversão. Mas enquanto nós, caros leitores, estamos pensando tais coisas, na verdade é a Sarah quem está nos induzindo.



              A Trilogia Cortes é sobre isso: Sarah J. Maas nos tem em suas mãos! Quando você achar que está pensando por vontade própria, gritando e reclamando, na verdade é ela quem tem nos conduzido a cada um desses sentimentos. O que sentiu pela Feyre no início em ACOTAR? E no fim?

              Sarah J. Maas is amazing!! Estão cansados de saber o quanto eu amo escritores que mostram ao invés de contar. É uma técnica que admiro bastante e que pode tornar uma narrativa maravilhosa. Não só ela como também atinge positivamente a construção dos personagens, do ambiente e dos efeitos emocionais causados no leitor. Se você prestar atenção, foram muito poucos momentos em que Feyre descreveu uma personalidade (na verdade não me lembro de nenhum). Todos os personagens desde o primeiro volume até este segundo foi sendo pincelados em nossas mentes e é por isso que conseguimos odiá-los e amá-los de uma linha para outra.



              Ficção Fantástica é um dos meus gêneros favoritos então para mim não existe isso de escrita arrastada nesse gênero. Fantasia, assim como Fic. Científica necessitam de dar detalhes. Então eu só falto desmaiar quando alguém me diz que Sarah J. Maas tem uma escrita lenta em Corte de Espinhos e Rosas e Corte de Névoa e Fúria. É um universo novo, com uma sociedade e seres diferentes, o que consequentemente traz costumes e coisas que nós leitores não conhecemos! Ela precisa nos dar informações, o problema é que algumas vezes ela despeja tudo de vez e o leitor pode não estar acostumado. É por isso que é sempre bom pensar no conceito em que cada livro se aplica! É normal um gênero como esse exigir mais tempo e linhas. Nós sabemos o que acontece quando uma história é comprimida: as adaptações cinematográficas que nos diga!

Então tudo que a Sarah informa, narra e constrói em suas mais de 400 páginas é necessário! Seja no desenvolver de uma relação entre leitor-personagem ou na construção do seu universo de elfos! Claro que existe a chance de você não se apegar aos personagens logo de cara. O que eu achei bacana, afinal para ter sentimento é preciso existir relacionamento. Mas após alguns acontecimentos os leitores se tornam íntimos da Feyre (do Tamlim eu já não sei, porque eu cheguei até mesmo a shippar Lucien com ela. >.< Tirem suas conclusões, haha) e dos demais.

C O N C L U S Ã O

              Eu estou pagando a minha língua (leia aqui)! É inspirador para mim ver como a autora manteve tudo na balança. Ela desenvolve (sim, ainda mais) personagens do primeiro volume; se aprofunda em outros que eu sequer achei que poderiam roubar a (desde já peço desculpas) fuck*ng cenas da SÉRIE TODA e ainda traz novos personagens. E não é para ficar de canto, tapar buracos ou atrapalhar a nossa memória não meus queridos! É personagem pra amar! Personagens criados para shippar e fazer memes na internet! Sem falar da escrita poética, porque até quem não tinha interesse em pintura artística passa a ficar interessado no assunto. E as cenas… céus! Sarah afiou tanto a minha mente com as descrições de cores poéticas no primeiro volume, que no segundo eu já estava vendo tudo em forma de pintura — destaque para uma cena de Rhysand acordando de seus pesadelos ( ͡° ͜ʖ ͡°).

              A trilogia é indicada aos amantes de fantasia! Tem cenas quentes sem o clichê do cara fodão bom de cama (olha a faixa etária, hein), tem luta, evoluções gradativas da nossa Rainha Feyre e tem aventura. Se o seu universo é outro e não está disposto a tentar algo diferente, não tente. Mas se estiver, já adianto que é uma história rica em escrita e narrativa, mas que é fácil de acostumar e se envolver. Comece sabendo que é mais importante apreciar a obra do que terminar as pressas. Tenha uma boa leitura! 

              Enfim, Sarah J. Mass consegue abordar sexismo, consequências psicológicas, desigualdade social, empoderamento feminino e colocar sentimentos profundos em personagens masculinos em toda a sua obra. E relaxa, porque ela não te conta. Ela sequer cita essas coisas. Ela te mostra! Claro que os livros possam ter lá os seus defeitos, mas sabe quando o presente é tão bom que você nem se incomoda com o embrulho? Está sendo uma trilogia marcante para mim. Está me abrindo os olhos, tanto para a leitura e método de avaliação como para a escrita. Por mais autores que se arrisque e petisque como a espertinha da Sarah J. Mass está fazendo.

"Há dias bons e ruins para mim... mesmo agora. Não deixe que os dias ruins vença." — Mor

Perdão por essa resenha imensa, mas eu tinha muito a falar sobre esse livro. Se você já leu ou começou e não terminou ou ainda pretende ler, enfim... deixa o teu comentário, a tua opinião (o que te incomodou e te agradou) e a tua dúvida. Vamos surtas juntas (os)!!!! Mas desde já, obrigada pela sua atenção e visita! 💕
Até o próximo post. 

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