Resenha | O Bosque de Faias de Amanda Bonatti

by - janeiro 30, 2019


"— Nada me deixa mais feliz do que a ver neste momento. Estive angustiado desde a última vez em que nos falamos. Um dia sem vê-la não tem a mesma graça. — Alexandre
— Está exagerando, senhor. — disse ela olhando-o rapidamente."



Sinopse: Joana é uma jovem francesa criada no seio de uma família pertencente à burguesia do século XIX. Ela luta pelo seu direito de liberdade, no entanto, em uma época em que os pais ditavam as regras e firmavam acordos nupciais unicamente baseados em dotes e interesses, ela precisará usar de toda a sua força para alcançar o que quer.// Média no Skoob: 4.6 || Título: O Bosque de Faias #1 || Autora: Amanda Bonatti || Páginas: 415 || Gênero: Romance de Época, Literatura Brasileira || Editora: The Books || Lançamento: 2017 // Skoob // Amazon || Nota: 4.5




S O B R E O L I V R O

              Joana Hour tem vinte anos e é a irmã mais velha das quatro filhas do senhor Frederico Hour e madame Anastasia, estes já perderam as contas de quantos pretendentes já tentaram arrumar para sua filha, e Joana já nem se lembra mais de quantas vezes fingiu estar indisposta e se refugiou em meio as faias do bosque próximo a sua casa para driblar os jantares de apresentação. Em O Bosque das Faias temos o famoso clichê de Romances Românticos de Época onde a personagem recusa-se a casar-se com alguém que ela não escolheu, enquanto vive sendo atormentada pelo seu pai e sua irmã mais jovem sedenta por um homem rico, lindo e rico (e eu já disse rico?). O lado bom é que todos esses clichês foram muito bem escritos e aproveitados nas 415 páginas, transformando-o em um livro muito bom.

Narrado em terceira pessoa, O Bosque de Faias irá nos apresentar a Joana e sua família, composta pelos seus pais e mais quatro irmãs (da mais velha para a mais nova) Sophi, Amália e Rebeca. Senda as duas últimas e também Joana, as filhas mais sensatas e amigáveis, restando a Sophi o papel da irmã invejosa que pensa causar inveja, mentirosa e egoísta, e que passa os seus dias lamentando-se por ainda estar solteira porque sua irmã mais velha é teimosa demais para aceitar qualquer pretendente que lhe apareça a porta, os quais são muitos.

Refugiada no bosque após mais uma de suas fugas para escapar do aperto de mente que os seus pais lhe causavam, enquanto estava imersa em um livro e com uma narrativa bem descritiva da autora Amanda Bonatti, Joana conhece um jovem que nunca tinha visto antes pelas redondezas, com o qual tem um encontro muito desagradável. Considerando-a a primeira vista uma mulher atrevida e arrogante, e considerando-o um homem insolente, mais tarde viria a nascer entre os dois um grande amor.

A questão é que os seus pais que estão sempre em busca de um homem rico para casar com sua filha mais velha e fazer bons negócios, descobrem que os três sobrinhos da família Monthier, sendo Philip Montier o irmão mais velho, herdaram a recente herança de um falecido tio. Desejando que Joana seja uma das primeiras a ser apresentada ao mais novo pretendente cobiçado das redondezas e movido pela ambientação e preocupação da maioria (se não todos) os pais daquela época, Frederico Hour estava convicto de que Filiphi já tinha chegado a cidade, quando na verdade confundiu Alexandre, um amigo da família Montier, por ser um rapaz charmoso, com o mais recente ricaço que só viria a pisar os pés no interior da França três meses mais tarde. Detalhe, Alexandre foi confundido após sua passagem pelo bosque, logo ao chegar na residencia dos Hour para entregar convites de bailes que aconteceria dali a três meses. Outro detalhe: o mal entendido não foi desfeito.


C R Í T I C A

              Um ponto que me incomodou é que o inicio do livro se inicia de forma ótima, mas os três meses e o começo do relacionamento de Alexandre e Joana pareceram ter passado um tanto rápido, enquanto boa parte do meio da história é uma narrativa, que se a escrita e os personagens não fossem agradáveis, eu chamaria de enrolada. Não tenho paciência para tramas que se prolongam por causa de um mal entendido e chego a duvidar que naquela época quem quer que tivesse seus problemas realmente esperava semanas e mesmo meses para esclarecer ou desculpar-se por algo que fez a alguém que mora logo ali, como é o caso de vida ou morte ao qual Alexandre se mete.

O livro é um romance de época realmente muito bom, iniciando de forma coerente e como dito antes, com uma narrativa impecável, mas acredito que teria sido ainda melhor se a história tivesse seguido com mais calma nas primeiras páginas em juntar o casal principal, e prolongar-se criando uma trama com a tentativa do casal ficar junto; ao invés de dedicar tantas páginas em criar novas traminhas miúdas e prolongar um problema que poderia ter sido resolvido em uma ou duas páginas. É um livro de 415 páginas, mas sinto como se estivesse lido muito menos - não porque passou rápido, mas porque eu li rápido de tanta ansiedade para ver o desenrolar daquela confusão. Tem uma proposta ótima, personagens bem definidos em termos de personalidade e uma boa narrativa.

           Enfim, em O Bosque de Faias acompanharemos a história de Joana, e os seus dilemas de como é em um dia afirmar que nunca irá se casar sem sua vontade, e aos poucos se pegar apaixonada por Alexandre, que só tem a benção dos seus pais por ter sido confundido pela própria mãe da jovem com o senhor Philip Moutier, o cara rico e um pretendente do qual Joana seria obrigada a casar mesmo sem sua vontade, afinal seu pai já se encontra impaciente e vem alimentando tais pensamentos sem seu consentimento. A partir dai os leitores já podem imaginar por quais caminhos essa trama irá se desenrolar ao imaginar o que irá acontecer quando o verdadeiro Piliph e os seus irmãos chegarem; o que acontecera com as irmãs de Joana, e o que Alexandre fará, agora que tem os seus sentimentos correspondidos pela senhorita Joana, apesar desta ainda não saber o seu verdadeiro nome.

Desde já aviso que o Alexandre foi confundido no inicio pela própria mãe ambiciosa e eufórica da Joana, que ao receber um convite de baile de suas próprias mãos resolveu tirar as próprias conclusões impedindo-o de falar, então reconheço que ele estava isento de culpa. Porém, lhe surgiram bastantes oportunidades para contar a verdade (e é justamente essa mentira que perdura boa parte do livro); e Alexandre movido de medo e insegurança que me soam agora covardes, preferiu calar-se esperando pelo momento certo, ai você já sabe, né? Os personagens nunca acertam o momento certo.
              Joana é descrita como uma personagem muito bonita fisicamente, e essa beleza física é muito citada em O Bosque das Faias, criando em mim uma duvida de se tais expectativas em cima da aparência é uma coisa própria dos livros de época, já que a única coisa naquele período que parecia realmente importante em um casamento era se a moça estava nos padrões do século XIX; ou se apenas foi uma característica lembrada e relembrada com mais afinco em O Bosque de Faias.

Gosto das histórias que são contadas nos livros desse gênero porque é sempre sobre o amor verdadeiro. Claro que a aparência sempre parece ser levada em questão por um ou dois personagens, mas não é sobre sexo ou sobre os beijos e pegações que fizeram eles se apaixonarem antes mesmo de conhecerem suas personalidades. Então acho muito bonito essa pureza de se apaixonar por alguém apenas por quem ela é e está sendo com você sem todo o teor sexual. Não digo isso de uma forma religiosa, mas com um olhar mais "energético". Enxergar a pessoa além de um pedaço de carne. Porém, ao mesmo tempo, não sei se foi em O Bosque de Faias ou se em outros livros isso se repete, mas parece que os personagens masculinos se apaixonam pelas moças apenas pela sua aparência facial. Foi o que me pareceu com Joana e Alexandre.

Joana é linda por dentro e é considerada até mesmo arisca e temperamental apenas por ser uma mulher considerada indomada por ser afrente do seu tempo. Gosta de leitura, de música, dos livros sobre ciência e filosofia que são proibidos para mulheres e ainda tem inclinações politicas (que com certeza não é de Direita). Mas apesar de todo o seu conteúdo, o que mais era vangloriado pelo seu par romântico era a aparência. Uma mulher merece sim ser elogiada, e talvez eu tenha criado muita expectativa em cima do Alexandre, mas elogiar apenas a beleza externa de uma jovem como ela é reduzir a personagem tão cheia de valores e cultura que ela foi descrita a só mais um rostinho bonito. Não sei se vocês estão me entendo, mas espero que sim.
              Escolher uma narrativa em terceira pessoa foi uma jogada decisiva da autora porque é assim que o leitor acompanha o que Joana e Alexandre estão pensando separadamente, e em determinados momentos da história, presenciamos de forma paralela o que se passa de relevante com os outros personagens.

Se tem uma coisa que realmente gostei em O Bosque de Faias foi a escrita da autora, fiquei surpresa (e não nego) quando descobri que era um livro de romance de época nacional e tão bem escrito. Sinto-me imensamente feliz quando pego uma obra nacional e vejo que o autor realmente caprichou no trabalho dele, ao invés de recorrer e abusar da narrativa em forma de contar. São 45 capítulos com diálogos que fluem maravilhosamente bem. Os personagens também foram muito bem desenvolvidos. Sem deixar de mencionar as suas personalidades que são muito bem construídas no decorrer do livro, chegando até mesmo a me fazer criar uma simpatia enorme por dois em especial, a Rebeca, irmã mais nova de Joana e Patric, o melhor amigo de Alexandre e irmão mais novo de Philip. Os papeis são bem claros aqui, de mocinhos a coadjuvantes, mas todos são relevantes e tem o seu momento no livro.

Particularmente, senti mais apresso pelos personagens secundários e coadjuvantes do que o casal principal. Eles começaram bem, mas por vezes no decorrer do livro passaram a agir de forma incoerente, Joana soando mais dócil em momentos que lhe pediam a atitude que apresentou no inicio só para montar um final de filme alá cavalo branco e porta de igreja e Alexandre... bem, talvez eu tenha jogado muita expectativa nele. No entanto, minha total admiração pelo Patric e Rebeca.
              Sempre esclareci aos quatro ventos que não costumo ler Romances de Época. Romances românticos em si já me causam muito estresse (não sei como vocês tem paciência para aturar capítulos baseados em dramas que poderiam ter se resolvido em um paragrafo de diálogo, kkk), e no começo enquanto lia estranhei o linguajar, o que é normal. No entanto, gostei de verdade da experiência e pretendo me permitir ler mais obras desse gênero. Apesar do que chamei de ponto negativo, isso não é nada para os verdadeiros amantes de romance romântico e romance de época, então está cem por cento indicado por mim!


P.S.: Perdoem-me pelo modo como estou escrevendo. é isso que as narrativas dos romances de época fazem conosco.
É isso pessoal. Obrigada pela atenção de vocês e até o próximo post. 💕
É nóis, turma! 

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9 comentários

  1. hahaha os romances nos fazem falar muito eu sei, sou assim tb!
    Mas isso é ótimo,é sinal que a leitura foi boa, mesmo com um ou outro ponto negativo :)
    Vc me convence a ler pela sua honestidade!

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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  2. Oi Jessica.
    Eu com certeza amaria esse livro sem tirar nem pôr. Diferente de você eu gosto de alongamentos porque torna a caminhada mais difícil e mais gratificante. Não conhecia essa obra, mas adorei sua premissa e fico louca para ler.
    Amooo bons romances de época.
    Beijos.
    Fantástica Ficção

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  3. Oi,tudo bem?

    Não conhecia o livro mas confesso que fiquei encantada com sua resenha, pois além de ser meu gênero favorito, o seu ponto de vista ressaltou bem as qualidades da peça e casou bem com toda a proposta do livro. Com toda certeza é uma ótima indicação e vou adicionar a lista de desejados.

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  4. Acredita que eu tenho o e-book desse livro há meses, mas não tinha lido nenhuma resenha dele até hoje e ele ficou meio esquecido? Agora quero ler ele assim que possível, talvez essa noite mesmo, rs.
    Amei a sua resenha e a sua sinceridade e diferente de você eu amo um romance romântico, quando ele é bem construído pelo menos, e eu ando meio viciada em romances de época nesses últimos tempos, imagina então a vontade que fiquei de ler O Bosque de Faias, rs.
    Parabéns pela resenha!
    Bjo
    ~ Danii

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  5. Menina eu tô louca para ler esse romance de epoca e se resenha já me cativou.
    Esse ano minha meta é ler mais romances de epoca e pelo menos um mangá.
    Amei suas fotos e a forma como descreveu a resenha, arrasou, bjus.

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  6. Olá Jessie, tudo bem? Eu não sou uma avida leitora de romances mas, ano passado realizei a leituras de alguns romances de época nacinais e, fiquei apaixonada pela quantidade de fatos históricos veridicos adicionados ao enredo. Um dos livros que eu baixei na amazon foi "O Bosque das Faias" porque estava de graça e achei a capa chamativa mas, não consegui realizar a leitura dele agora, lendo a sua resenha a minha vontade de conhecer a história voltou novamente.

    Parabéns pela resenha e, amei as suas fotos!
    Beijos e Abraços VIVI
    Resenhas da Viviane

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  7. Oi, Jessica! Fiquei muito curiosa para acompanhar a confusão que o Sr. Alexandre se meteu hahaha. Apesar dele não ser o principal culpado por ter sido confundido, ele tem sua parcela de responsabilidade por ter se aproveitado da situação, não é mesmo? xD Eu adoro romances de época com uma família grande assim, mesmo com os prós e contras que ela traz. A premissa dessa história me fez lembrar um pouco, inclusive, de Orgulho e Preconceito, então fiquei muito interessada nela, principalmente pela forma com q você destacou a escrita da autora. Adorei a resenha e a recomendação. Bjos!

    http://abducaoliteraria.com.br

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  8. Resenha linda! Obrigada pelo carinho. Beijo grande, Amanda.
    P.S: Amando ler os comentários

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  9. Ah, e quanto às críticas, também adorei! Elas nos fazem crescer enquanto autores <3 No fim fiquei superfeliz que apesar de todo o conflito demorando-se a se resolver, você tenha apreciado a leitura e o indicado.

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