A nóia do olhar alheio (e as vezes o próprio).

by - janeiro 09, 2019

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“O que você faria se só te restasse esse dia?”

Foi uma pergunta no story da Isa. A minha resposta foi:“eu faria tudo que tenho curiosidade (a respeito da experiência) e provavelmente elas seriam intensamente”.

Porém, pensei em umas três formas diferentes de explicar o que exatamente eu iria fazer e o motivo. Então me peguei refletindo: por que eu só faria todas as coisas que gostaria de fazer e tenho curiosidade, se fosse o meu último dia? A resposta foi certeira.

Medo.

Medo? Sim. Medo.

A três primeiras coisas que eu gostaria de fazer se hoje fosse o meu último dia seriam feitas por impulso. Por vontade, por amor, mas também por impulso. Digo por impulso porque eu costumo pensar demais para executar qualquer atividade ou escolha. Desta vez, Seriam coisas simples como ir correndo na rua e comprar uma sementinha pra plantar uma árvore, até algo mais emocionante e louco.

Tá, mas o que me impede de fazer isso agora? De fazer isso hoje? É ai que entra o medo.

Se eu fizesse tudo que tenho vontade hoje, porque seriam minhas últimas vinte e quatro horas, o amanhã não existiria para me trazer o arrependimento ou mesmo a vergonha de ter feito.

Eu teria morrido antes.

Antes de pensar no que os outros estariam falando.
Antes de imaginar o que os outros estariam pensando.
Antes de ter medo do que os outros iriam fazer ou dizer.

E isso foi algo tão obvio e triste. Mas foi um fato verdadeiro sobre mim: eu deixo de fazer muitas coisas por medo. Não digo apenas do que os outros vão pensar. Eu tenho medo do meu próprio arrependimento. E talvez você esteja pensando que eu queira fazer coisas horríveis, e não. Mas é nessa proporção de caós que minha cabeça fica só em achar que enviei uma mensagem incomoda para alguém no WhatsApp, ou a dúvida de se respondi alguém com ignorância. As minhas pequenas paranoias se tornam grandes problemas horas mais tardes.

A maioria dos meus arrependimentos foram de coisas que eu fiz. E eu só tenho fodidos vintea anos (o que só mostra o quanto somos empurrados a nós tornamos adolescentes-jovens-adultos inseguros)! Eu não sei de onde se origina essa paranoia, mas eu tenho uma noia muito grande com o que diz respeito ao que pensam de mim. Não digo, por exemplo: a, será que se eu vestir essa roupa vão dizer que ta muito curta?

Não. Eu falo de coisas banais, como: tem uma pessoa ali na frente, sera que eu to num ângulo bom? Será que eu to de cara fechada? Meu Deus caiu um cisco no meu olho bem na hora que o moço estava olhando para mim. Será que ele achou que eu tava piscando pra ele? É muito mais a ver sobre difamarem a minha personalidade sem um motivo do que uma critica sobre algo que escolhi.

Acredito que isso tenha vindo de uma insegurança ainda na infância com relações pessoais (e não com padrões estéticos  —  não que eu me ache perfeita, mas tenho o cuidado de não entrar nessa enrascada). A questão é que a maldita ainda permeia por aqui. E um pouco dela permeia em cada um de nós. Nós temos vontade de fazer coisas, mas temos medo do que o outro (que provavelmente também é um de nós) vai pensar, e também temos medo do que NÓS mesmo vamos pensar e nos condenarmos mais tarde. A questão é que a gente se prende e prendemos uns aos outros.

Não vou ser hipócrita e dizer que eu não sei como contornar isso, porque eu sei e eu tento. Não funciona sempre. Mas tento.

Sabe, nós podemos fazer tudo o que queremos. Podemos ir ao cinema assistir a um filme sozinhos, sentarmos no banco da praça para tomar um sorvete sozinhos, dançar despretensiosamente se der vontade numa festa ou em plena praça pública quando passar um carro tocando uma música. Isso é a primeira coisa que temos que aprender para acabar com essa nóia do olhar alheio: nós podemos.

Sentimos culpa daquilo que sabemos que é errado. Mas não tem problema, não é feio, não faz mal fazer todas aquelas coisas acima sozinha (o). Nós, principalmente mulheres, passamos por uma fase ainda criança do “não pode. não faça isso. não seja assim”, e isso nos persegue pelo restos das nossas vidas, até que nós mesmos ou alguém surja e diga que tá tudo bem. Você não é gaiata por rir demais, não é fácil por ser carinhosa, e não tá dando em cima de todo mundo por ser gentil. Você não é menos sexy se usar calças e mom jeans. todas as nossas formas de expressar felicidade é reprimida ainda na infância por ser considerada errada, e se assim como aconteceu comigo, aconteceu com você, está na hora de desconstruir o errado.

Esqueça o olhar alheio por um momento durante o seu dia. E não confie nas paranoias da sua mente porque a mente nem sempre diz a verdade  —  as vezes seus pensamentos são puro fruto do medo. Se você quer dançar sozinha, dance. Se você quer chupar um picolé naquele solzão do c*ralho, mas ta com medo de que te vejam chupando desajeitosamente aquele negocio, compra o teu picolé ao invés de passar calor por causa da nóia!

Sabe, quando você conhece o que é importante para você (crenças, princípios e valores) o que você faz ou deixa de fazer é uma opção sua. Uma opção do tipo: você quer ou não quer? E não do tipo: será que tem alguém vendo? “Um homem humilde não se importa com o que os outros dizem porque ele sabe que não é ninguém.” É quase isso “uma pessoa com princípios e crenças não se importam com o olhar alheio, porque ela sabe quem ela é.” Saiba quem você é!

Saiba quem você é!
Saiba quem você é!

Ninguém pode dizer, fofocar, acusar, apontar o dedo e te julgar se você souber quem você é! Porque quando eles te disserem quem você está sendo, você poderá dizer de volta, ou mesmo reconhecer em sua mente, que eles estão mentindo.

Acabar com a insegurança é isso: saber quem você é e ter uma noção de que isso é o bastante para você. Quem não te conhece é porque ta de fora. É desconhecido. E a gente não deve se importar com a opinião de quem nem sabe o nosso primeiro nome.

A única coisa que eu acho realmente valorosa na frase “ligar o foda-se” é isto: toda vez que você tiver muita vontade de fazer algo e se preocupar com o que os outros vão dizer a respeito, pense: f*da-se. Não apenas porque você não se importa. Mas porque não é realmente importante a opinião deles. Segurança é sobre isso, saber que não importa o que digam, você se pertence. Você se conhece. Você sabe quem você é. E isso te basta!

E no final das contas, se o medo for do teu próprio arrependimento, saiba que a gente só se arrepende do que é errado. Então: o que você quer fazer, é errado?

Não?

Vai lá e faz!

E se alguém te ver olhando, foda-…



Obrigada pela atenção de vocês, e até o próximo post! 💕 Siga-me nas redes sociais:

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11 comentários

  1. Uau!! Que texto foi esse?
    Eu já deixei de fazer tantas coisas por medo e o pior que não foi pelo que os outros iriam pensar, mas por insegurança minha mesmo. Acho que preciso confiar mais em mim e em minhas capacidades..
    Eu amei seu texto.

    bjs
    Fernanda

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    1. Oi, Fê,
      Obrigada. Acredito que o tempo todo nós cometemos esse erro, e isso nos priva de tanta coisa boa e bacana, sabe? Trabalhe em cima dessa insegurança se você achar que precisa.
      Tenha um final de semana incrível. 💕

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  2. Oi Jess.
    Ótima reflexão. Eu não sei o que faria se tivesse um dia de vida. Provavelmente ficaria com a minha mãe. Não existe ninguém que eu ame mais do que ela.
    Beijos.

    Fantástica Ficção

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    1. Que bom que gostou, Xara. Pensar em nossos pais é uma das primeiras coisas que surge em nossa mente, e não deve ter bada melhor do que isso (ficar com quem amamos) realmente. 💕

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  3. Hey, moça! AAAAAAAA, não acredito que um story meu desencadeou tanta reflexão bacana! Também tem um pouco da nossa última conversa aí, rsr ameeeei tanto que vou comentar por partes:

    Menina, eu também tenho muito medo. Medo das consequências das coisas, medo de sei lá o que (da perda), só sei que acabo travada e não faço muitas das coisas que gostaria. Que chato isso, né? Numa das minhas crises de fim de ano eu refleti sobre a efemeridade das coisas e o sentido da vida (pra mim) e percebi que pra mim vale mais as relações que eu tenho com as pessoas, como interajo com elas, como toco uma vida aqui ou outra ali, e saber que eu te inspirei (mesmo que seja em coisas "pequenas") me traz muita satisfação!

    "A mente nem sempre diz a verdade  —  as vezes seus pensamentos são puro fruto do medo." isso é muito verdade e eu também preciso internalizar isso! E o final do texto me lembrou muito um quote dO rei leão "remember who you are"! AMO!

    Ai, toda essa sua reflexão me fez pensar em como eu me sinto mal por usar um biquini na praia por ser gorda. Na última semana a minha mãe comprou uma calcinha de biquini nova e maior e eu fui no último final de semana no mar usando ela e acabei me sentindo muito melhor e mais livre! É engraçado notar como somos afetados por essas pequenas coisas. Eu não devia ligar pras pessoas me olhando, mas isso ainda é algo que me afeta, então... sigo encontrando outras saídas.

    Mas eu amei o seu post e ele me inspirou a fazer um post de bate papo hoje também (tava precisando postar algo no blog que tá semi abandonado e no ig porque é dia ímpar e tem fotólatras xD e tava sem ideia do que postar - na verdade, sem ânimo de postar resenhas etc). Enfim, vou lá tentar seguir com a vida e controlar a ansiedade aproveitando a sua inspiração. OBRIGADA!

    Beijos,
    Isa
    taglibraryisa.blogspot.com

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    1. Meldels, que comentário gigante! É quase um post novo já. xD

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    2. Permita-me abrir o bloco de notas para ir comentando por partes o seu comentário cometado por partes (imagine altas risadas aqui), hahaha..

      Só de ouvir falar em crises já me dá calafrios. As existenciais tem me pegado de jeito por aqui, mas dessa vez minhas conclusões não foram das melhores (sigo procurando novos objetivos de vida).

      Seria duvidoso se eu não lembrasse da cena em Rei Leão? Sei que é um clássico, mas só me lembro mesmo do "batismo solar" e aquela morte trágica (inesquecível, não é mesmo?) do pai do Simba. Mas após teu comentário, sinto que preciso assisti-lo — me arrepio só de imaginar a citação sendo falada: "Lembre-se de quem você é" é um mantra poderoso!

      Sobre o seu momento na praia, lembro que fui no inicio do ano passado e não tirei o short por ter vergonha de estria e coisas do tipo. Engraçado que falamos tanto de autoestima e segurança em si mesmo, mas tem umas situações que nos pegam de jeito, sendo que nós nem deveríamos nos importar com essas coisas (e a gente sabe), mas colocar em pratica é tão mais difícil, não é? No entanto, quando nos privamos das coisas os únicos que saem perdendo somos nós. Eu tenho que ficar me lembrando disso sempre.

      Engraçado a ideia do meu post inspirar um post seu. Eu estava ouvindo um podcast essa semana, e o nosso caso é um exemplo perfeito sobre -se inspirar em algo já criado que vá gerar outras inspirações-, porque antes de tudo, para escrever esse post, eu me inspirei em você mesma, e isso retornou pra ti. ok.. it was so confusing, but... espero que tenha entendido, kkkk.

      P.S.: Acho que eu deveria ter enviado um e-mail. :D 💕

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  4. Ei! Tudo bem?

    Que texto sensacional! Compartilho a mesma sensação que você e respondi da mesma maneira. Eu faria coisas que não faria por medo de amanhã eu me arrepender, mas me arrepender por que o outro vai falar ou fazer algo. É estressante, não?! Seu texto me inspirou muito e pretendo seguir outros caminhos.

    Beijos!
    http://www.365coresdouniverso.com.br/

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  5. Oi lindona! Que post lindo. Adorei tua reflexão e olha já me peguei fazendo algumas dessas perguntas para mim quando tinha sua idade (porque já passei um pouco dos meus vinte aninhos) como até hoje. Eu sou assim que nem você, preocupada com o que o outro vai pensar e sempre tento dar o meu melhor e fazer as coisas corretas. Porém a vida me deu um tapa na cara umas duas vezes por conta disso, pois há pessoas que não acreditam que outro ser humano quer fazer o correto e infelizmente essas pessoas te querem ver escorregar. Sabe eu dei muitas chances, pensei que eu estava dando a imagem errada, mas não, nem sempre o problema é com a gente e hoje vejo isso com clareza. Não gosto de fazer as coisas por impulso, mas não devido ao que o outro vá pensar e sim que a palavra "decisão" é muito forte para mim, porque é ela que vai mudar meu destino, então eu sempre gosto de refletir. Se hoje fosse o último dia sei que não faria nenhuma loucura, gostaria de estar próxima de quem eu amo e fazer coisas que me deixem feliz (assistir um filme que queria muito, comer uma comida que adoro ou experimentar algo diferente que talvez não tenha feito por ser caro).Concordo com você precisamos saber quem somos, nos amarmos, fazer o que gostamos sem ficar pensando no que os outros vão pensar da gente, ligar o foda-se é essencial.

    Bjokas!
    http://cronicasdeeloise.blogspot.com/

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  6. Eu amei a postagem por ser além de verdadeira encorajadora. Não de um modo aventureiro, mas de um modo muito realista de ser feliz, sendo quem se é. Caso só me restasse um dia eu o viveria como tenho feito até o mesmo. Aproveitando como se fosse o ultimo com quem realmente importante pra mim e se importa comigo. Eu aprendi faz algum tempo a não perder as oportunidades de dar e demonstrar amor e carinho porque essa oportunidade pode ser a ultima realmente, arrependimentos tenho sim, mas cada um foi tentando fazer o certo ou tentando acertar e existe certo conforto nisso. Adorei de verdade esse post, Beijos Elis

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