Sobre fazer 20 anos de idade.

by - dezembro 18, 2018



Olá você, tudo beleza?

              Dia 18 de Dezembro eu faço vinte anos de idade. Hoje. E eu me sinto assustada. Lembro que quando fiz dezessete eu entrei em uma crise existencial daquelas e achei que minha juventude já estava com os dias contados. Chorei feito criança. Bobagem... vivi os dezessete. Os dezoito voaram. Os dezenove estão indo embora sem nem me dar tchau. Os vinte vão chegar amanhã. Se antes pensei que minha juventude estava acabando, sinceramente, não sei como classificar a sensação que é estar prestes a completar duas décadas nessa Terra de meu Deus com a sensação de ainda não ser "ninguém" capitalismamente falando.

Por outro lado, não é exatamente medo e desespero que me acompanha. Parece que estou prestes a morrer de velhice e ao mesmo tempo é como se estivesse morrendo de ansiedade porque sinto que finalmente vou nascer. E não, não quero que você que já passou dos vinte e um me diga: eu conto ou você conta. Deixa que eu descubro. É assim que deve ser, não é?

Quando somos crianças desejamos fazer quinze porque é uma versão adolescente de se estar fazendo vinte; aos dezoito nos sentimos donos de nós e vemos que não, não é tudo aquilo que pensávamos; aos vinte e cinco as crises da vida surgem, aos trinta é quando tudo começa a caminhar e só aos quarenta é quando se está sábio para viver de verdade (pelo menos é o que dizem). Talvez eu não concorde com tudo isso que andei lendo por ai (Simplesmente Acontece), e quando li pela primeira vez um post no explore do Instagram, também não concordei com o que um cara chamado George Bernad Shawn, havia dito:

"Juventude é uma coisa maravilhosa. Que pena desperdiçá-la nos jovens."

Eu descordo do que o levou a fazer tal afirmação. Por outro lado o entendo, nós jovens somos tão ansiosos, impulsivos, desesperados e precipitados. Algumas pessoas mais radicais e liberais costumam elogiar a juventude e adolescência exatamente por essas características, mas entendo o George. Nesse período somos tão cheios de energias, criatividade e disposição, mas muitos de nós desperdiçamos tudo isso fazendo as coisas erradas.

Ao invés de me deixar desesperada parece que isso me tranquiliza. Sou jovem. Mas a minha mente parece ter quarenta anos as vezes. Odeio ter que explicar para as pessoas que nem todos precisam ter cinquenta ou oitenta anos para finalmente saber a importância da vida. Alguns de nós, mesmo em nossa pouca idade já carregamos bagagens pesadas demais, infelizmente, e também aprendemos a abrir mão de algumas delas para poder adquirir o que estiver sendo necessário, ou mesmo para se livrar do peso e sobreviver pelos próximos quilômetros.

Eu sei que você sabe, que em meus vinte anos ainda tenho muito o que viver e irei passar por muitas coisas. Mas relaxe. Talvez algumas experiências vão ter de acontecer na vida de cada um de nós. Em algum momento da vida. Mas sabe aquelas bagagens que começamos a carregar ainda na infância? Então, dependendo da situação é possível que você tenha um potinho de sabedoria que vai te ajudar a resolver aquilo da melhor forma possível, ou mesmo te desviar de situações previsivelmente ruins. Estou ciente que irei passar por muita coisa, mas graças a (Deus e) aquela bagagem também estou ciente de que tenho o suficiente para lhe dar com elas. E os perrengues que vier, talvez eu não irei saber resolvê-los de inicio, mas estar ciente deles já é o começo. Sabendo que vai apanhar, basta se preparar para ter forças e aguentar. Quem não morre das próprias paranoias e transtornos, não vai morrer por um "não" alheio. Quem perde a pessoa maravilhosa quem você é, é o outro.

Pela primeira vez na vida eu não me importo se isso vai acontecer. Os adolescentes passam muito tempo acumulando bagagem física e sobrecarga emocional, e eu nunca tive muita grana pra isso então tudo o que tenho está em mim. Dentro de mim. Habitando em mim. Até um tempo atrás eu sentia que eu não era nada. Que eu não tinha nada. Que nunca seria nada. Hoje eu sei que eu sou, porque tenho o suficiente e principalmente, as coisas mais importantes: amor, fé e Deus para continuar me concedendo sabedoria sempre. Aprendi a lidar com problemas pessoais, e estou aprendendo a lidar com minha própria mente. Isso é o mais importante. Somos os nossos piores inimigos, mas se nos estudarmos poderemos ser os nossos próprios maiores aliados.



Como as pessoas dizem: o resto a gente corre atrás, e isso não é apenas sobre fazer vinte anos. É sobre tudo o que já foi e já aconteceu, já carreguei e soltei, deixei ir e lutei para que eu os deixasse ir. Eu me sinto viva pela primeira vez em vinte anos. Por um lado sinto uma pontinha de tristeza, porque sei que não fui inteiramente feliz antes. Tive momentos, minutos de felicidade. Com amigos contado nos dedos, um circulo de confiança cada vez menor. Um lar que não era a minha casa. A minha casa que não parece ser o meu lar.

A coisa mais importante na vida do ser humano é ter crenças e princípios, porque não importa onde você entre, onde você se perde, você nunca perde a si mesmo. Você muda de lugar, de situação, de companhia, mas nunca muda de uma forma negativa a si mesmo. As minhas crenças e os meus princípios me trouxeram onde estou indo hoje. Sei que só se vive uma vez: e que não é por isso que tenho que fazer loucuras como usar drogas e ficar doidona de bebida alcoólica, mesmo que os meus colegas achem legal; sei que o importante é invisível aos olhos: porque o que tem preço quando se quebra pode ser substituído, mas o que tem valor, você deve cuidar porque não se substitui. Isso pode ser um presente material dado por alguém especial, não pelo seu preço, mas pelo valor que a pessoa tem à você e/ou a própria pessoa.

Sempre tive uma noia de inferioridade. Desde criança minha mãe dizia que eu tinha "complexo de inferioridade" e eu achava que isso era invenção dela. Mas só percebi por agora. Chorei tanto. Briguei tanto. Bati o pé, esmurrei a parede, solucei, abri mão, me lamentei, tudo por causa disso. A ansiedade e o inicio de fobia social. No final eu descobri que fod*-se, sabe? Na real, falo sério! A vida é tão curta e a gente se preocupa com bobagens. Com a espinha grande ao lado da boca, com o circulo de "amigos" interesseiros e coisas tão fúteis...

Se a vida é assim tão importante, por que perde o meu tempo e a minha energia, com coisas tão rasas? Com falsos-amigos que na verdade só querem o teu mal? Com pessoas que te deixam pra baixo? Cara, fod*m-se eles. Não digo que você deve ficar rebelde. Não. Não. Digo apenas que não seja moldável. Não seja manipulável. A vida é uma grande batalha de energia. Se tem más pessoas a sua volta, expanda a sua energia positiva. Seja luz. Transborde luz. Seja cada vez mais você e menos o que os outros tentam te tornar. Sabe, gentileza nem sempre vai gerar gentileza, mas isso não significa que você deve deixar de ser gentil.

Por muito tempo culpei pessoas pelas coisas, mas "não importa o que fizeram com você. o que importa é o que você vai fazer do que fizeram de você." Demorei pra entender e aceitar isso, mas se eu não aceitasse, o que adiantaria? Jogar a culpa em outras pessoas não vai melhorar a nossa vida. Mas podemos pegar o que nos restou e transformar em algo novo. Enquanto você estiver respirando sempre haverá novas oportunidades. Querer ser alguém diferente, querer ser alguém melhor, já te torna uma nova pessoal. Você só precisa tirar essa casca velha que cobre você e exibir essa evolução que você se tornou.

Sabendo que a única coisa que importa na terra são as pessoas (a natureza e os animaizinhos <3), estando eu ciente de que a única opinião de quem importa é a de Deus e o meu bem estar psicológico, emocional e espiritual, eu não tenho mais porque temer o mundo. E digo isso não porque o mundo ficou melhor no último ano, mas porque a bagagem que já carreguei desde que nasci, me tornou mais forte e perspicaz. Isso não significa que não vou mais ficar triste ou mesmo sofrer. Isso significa que não vou mais dar oportunidade aos motivos errados para me ferirem.

Pra não dizer que não me arrependo de nada desde que decidi não fazer coisas que eu me arrependa, foi ter tirado o ano sabático quando me formei no E.M.. Sério, se você pretende fazer isso, mas não tem grana pra fazer cursinho, ágar mensalidade de faculdade ou mesmo disciplina pra estudar sozinho, não faz isso... É queijo na ratoeira. É uma perca de ano. É como subir um morro correndo, parar e resolver sentar para então continuar subindo. Gostaria de ter entrado na universidade aos dezoito, porque assim (pelo menos se tudo desse certo) eu estaria no terceiro ano de faculdade. Mas isso também fica de lição.

Esse post é um rascunho por alto de muita ação, reação, pensamentos, irreflexões e aprendizados. O que resultou por fim, é que hoje eu sei o que é importante. Eu tenho a minha noção de importante e isso deve bastar para cada um de nós. Porque o que nos condena, ao contrário do que parece, não é o que o outro acha. Mas a importância que você dá a opinião dele. Hoje eu sei que eu posso não ter muitos bens de preços altos, mas tenho ótimas bagagens e companhias de valor. Hoje eu não tenho nada $$ do que muitos acham ser importante, mas eu tenho absolutamente certeza de que tenho o suficiente pra ir atrás do que eu queira (ou mesmo ficar parada aproveitando o que existe ao meu redor). Sei que não vou perder-los. E se eu não tenho o que perder, então sou uma mulher que não tem nada a temer. Como disse Malcom X, "a mais perigosa criação no mundo, em qualquer sociedade, é um homem sem nada a perder." E se for pra quebrar a cara futuramente, que pelo menos seja por ter apanhado enquanto luto por algo que quero.

Sei que as pessoas tem a mania de dizer que "as coisas sempre podem ficar piores", mas há algum tempo também aprendi que "quando chegar ao inferno, não pare. Continue andando.". Keep your head up. Keep your heart strong. Parar para que? Ter medo para que? Eu tinha dezesseis dia desses. Vou fazer vinte amanhã. A vida passa num piscar de olhos, e eu realmente não tenho nada a perder. Tem muito espaço em nossas vidas para coisas novas. Se você está sofrendo em casa sozinho, então que sofra na rua com uma rodinha de amigos. O que quero dizer é que não importa se você vai passar por um perrengue na cidade vizinha, porque você já deve estar passando ai onde você está. mas pelo menos lá pode ter chance de melhorar. Também não haja por impulso. Tenha sabedoria e saiba o que está fazendo. Planejamento ainda é a parada. Agilidade nunca foi sobre ter pressa. Vá, mas garanta que tem o dinheiro da passagem de volta caso seja necessário.

"Seja intenso! A vida é bonita. Ela só não é bonita se a gente vive num quarto escuro, trancado, vendo ela passar." — Roberta Vicente.

"it's my birthday!"

créditos: imagem 1 - imagem 2

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