Nescau e Prosa | O que faz um livro ser ruim?

by - dezembro 03, 2018



O que faz um livro ser ruim?

              Eu estou pensando em escrever sobre esse assunto a alguns dias, mas é uma situação que vem matutando em minha mente há semanas. Tudo começou quando... Teve um momento em meus 4 anos de leitora (fixa) em que gostei de um livro A, que apesar de ser uma narrativa simples e talvez um romance até extenso para seu desenvolvimento de 280 páginas, eu o amei porque foi tocante; teve momentos que não gostei de um livro B, porque apesar de possuir as mesmas características do livro A, este não me acrescentou em nada. Então o que faz um livro ser bom é o quanto ele me acrescenta em algo?

              Certa vez eu comecei a ler um livro (um ano atrás) e achei o seu início um sacrifício. Era uma narrativa arrastada, descrições massantes e eu sequer cheguei na página 30; recentemente peguei o mesmo livro (apesar do receio de que todo mundo já estava falando dele e eu estava cansada de ver aquele material na web) para ler, e ele acabou se tornando um dos top 3/5 do ano. O que faz um livro ser bom então é o momento certo da leitura?

é o clichê?

Teve outra vez também em que peguei um N.A. 1, li seus livros em três sentadas e no final a coisa aparentemente desandou e eu lhe dei 2/5 estreles quando eu ainda usava esse método, ruim, bom, muito bom. Já no Skoob, uma das maiores plataformas de avaliações para leitores, ele tem 4.2/5 (muito bom) com mais de 10 mil leituras no Brasil. No ano seguinte, depois de ler mais alguns do gênero, escolhi um N.A. 2 para ler. Fiquei admirada. Os dois livros falavam do clichê do amor impossível, do clichê das dificuldades do casal, tinha aqueles tópicos clichê da separação e do retorno e o sexo em si. Sabe qual nota eu dei? 5 estrelas estourando, um dos meus livros favoritos do gênero. Mas nesse caso os dois livros seguem o mesmo padrão, será mesmo que o que faz uma história ser ruim é o seu nível de clichê?

é o meu gosto?

              Será que é o meu gosto que define se um livro é bom ou ruim? E isso seria injusto, por que? A Maldição do Tigre é uma das minhas fantasias favoritas e nunca entendi porque chamam a Kells de fresca. Incoerente dentro da sua personalidade? Talvez. Se você conhecesse um tigre que vira homem, você ficaria para prestar-lhe socorro se ele pedisse ou sairia correndo? Isso é uma opinião pessoal, certo? Sendo opinião pessoal duas pessoas poderiam discordar, e se existe essa discórdia, o que vai definir A Maldição do Tigre bom ou não?

Dei 5 estrelas, sendo sua média no Skoob 4.4/5. Como foi que eu avalie a Saga do Tigre escrita pela Colleen Houck? Eu já tinha lido vários livros de fantasias, em sua maioria lobisomens, vampiros e anjos caídos; em sua maioria, mocinhas indefesas que ficavam em casa por recomendação e que quando saiam era apenas para fazer o leitor passar raiva. A Maldição do Tigre é um Romance Sobrenatural > YA > Fantasia. (1) Foi o primeiro livro que li onde a autora trabalhou com mitologia Hindu. Não nórdica, não grega, mas hindu. Quantos autores se aventuram nisso? (2) A autora  trabalhou com o assunto na medida dos seus conhecimentos; (3) a Kelsey foi a primeira personagem que não ficou em casa sendo protegida. Ela é uma personagem feminina independente, que se vira bem e que está introduzida nas aventuras e nos perigos. Isso é algo que a autora até abordou numa discussão entre Kishan e Dhiren. E o triângulo… foi o primeiro que senti prazer em ler.

Resumindo, a Colleen Houck trabalhou a personalidade dos seus personagens: o que não quer dizer que eles devem necessariamente serem bonzinhos, amigáveis e simpáticos. Tinha o clichê do romance humano e não humano? Sim. Tinha o clichê do triângulo amoroso no segundo livro? Sim. O que me fez dá nota máxima então? A autora teve tudo para escrever mais do mesmo, mas ela pegou os pontos clichês e transformou em quatro livros incríveis com mais três spin off. No parágrafo três e aqui já vemos que usar do clichê não é um problema se os seus personagens são bem trabalhados, as cenas de aventura são bem narradas e a sequência de fatos não é previsível. Dentro de toda a história, não tenho um motivo técnico para ter dado 3 estrelas.

é a comparação entre livros?

Hush Hush de Beca Fitzpratick é um Romance Sobrenatural > YA > Fantasia. Aqui temos uma humana e um Anjo Caído. Na época provavelmente eu dei 5 estrelas e o favoritei. Se eu comparasse a Nora com a Kelsey provavelmente acabaria diminuindo as estrelas de Hush Hush, mas as duas não estão em situações e mundos distintos? Se eu comprasse Patch e Ren, este último seria fraco e molenga, mas não estão em universos distintos? Os dois não possuem uma personalidade diferentes? Ao meu ver seria injusto avaliar um livro tendo como base outro diferente. Não é isso que a porção (certa parte, não todos) intolerante que lê apenas clássicos fazem com relação ao gênero Young Adult?

              Isso não foi algo que pensei hoje e que cheguei a concluir em duas horas, mas cada um desses livros li em épocas e períodos pessoais distintos. Anos atrás, meses… Hoje vejo que estive errada ao medir um livro pelo seu nível de clichê (se algo é clichê é porque todo mundo faz; e se todo mundo faz é porque funciona e é bom) ou simplesmente porque certo personagem não tem uma boa índole. Pior seria dizer que um livro do Stephen King é ruim, mal escrito, cheio do mesmo, sendo que meu gênero favorito é Fantasa, Chick-lit, Distopia, etc. Eu nunca nem li um livro de terror, muito menos me aprofundei no assunto, então baseado em que eu vou difamar um autor (e suas obras) assim? No meu orgulho? Na minha convicção de que se eu disse tá dito e ninguém pode dizer o contrário?

você tem poder de influencia, sabia?

Ok, acredito que as pessoas podem fazer (e fazem) isso se elas quiserem. Por outro lado também entendo que muitos apenas resenham por diversão, porque gostam de compartilhar opiniões. Não estou dizendo que tem que ser um crítico formado em Estudos Literários, cursinho de Cinema, li-vários-livros-de-roteiro-e-escrita. O que eu quero perguntar (e não dizer) com tudo isso é: você tem noção que pode influenciar outras pessoas a começarem a ler? Se é você é leitor e prefere Lev Tolstói, Fiódor Dostoiévski, Clarice Lispector, e deseja que o seu amigo comece a ler e até mesmo já tentou indicá-lo alguns títulos do seu autor e gênero favorito, mas ele não leu até hoje, já parou para pensar que talvez ele goste de outros? Que seria mais fácil ele ser seduzido na comunidade literária por Abbi Glines? Colleen Hoover? Maggie Stiefvater?

conclusão, queridos:

              Se você é apenas um leitor que gosta de compartilhar ideias e ler outras opiniões na web, é muito bacana. Acredito que a maioria começa assim. Mas se você já leva mais a sério seu Blog/IG literário ou almeja futuramente fazer isso de um jeito mais profissional, por que não pensar sobre? Talvez você não tenha 5mil, 10K de seguidores ~com direito a link no storie, haha~, mas a sua opinião ainda é válida e importante, porque você alcança os seus 200, 800, 2 mil seguidores, entende? O importante não é o quanto de seguidores você já tem (se deixarmos de lado o marketing comercial), mas o que você diz, induz e compartilhar com as pessoas que já estão a sua volta na internet e fora dela.

Não estou dizendo que eu não erro, que sou perfeita e manjo dos paranauê da literatura… puts! Tô longe disso ainda. Estou dizendo isso porque eu mesma não quero mais dizer que uma obra é ruim simplesmente porque não gostei dela, sendo que posso reler anos mais tarde e amá-la e pior, posso estar impedindo alguém de desfrutar uma leitura prazerosa para ela. Por fim, eu só precisava conversar sobre resenha crítica e quis dividir isso aqui no blog, como sempre.

o que nós podemos aproveitar no episodio do Nescau e Prosa de hoje?

              Nesse post tem um pouco do que eu aprendi sobre escrever resenhas (e quero aprender muito mais, não apenas para saber, mas porque escrita me encanta. a arte de mostrar com palavras, de brincar com a mente do leitor e identificar a técnica usada enquanto leio um livro é fantástica para mim.), como:



              Agora um dos dilemas que está me visitando é: existe a famosa escrita massante? Narrativa arrastada? Ouço muito disso nos livros de Fantasia, mas uma narrativa com mais características (Os Garotos Corvos de Maggie Stiefvater, ACOTAR de Sarah J. Maas, O Senhor dos anéis de J.R. Tolkien, etc, etc) e com um tempo mais longo não é específico do gênero? Acredito que quando descobrimos que somos nós quem devemos nos adaptar ao livro e não o contrário, o leque de leituras se torna mais ampliado e a própria leitura em si fica mais prazerosa.

Informação nunca, NUNCA, é demais. Então se você gosta do que faz, se quer trabalhar melhor, escrever melhor, estude e se aprofunde no assunto. A internet está ai para isso e tem muita galera especializada (ou/e com experiência) no assunto que pode te ajudar de graça. Tenha isso em mente: sempre que você achar que sabe o suficiente é ai que você não sabe de nada. Ou seja, se eu penso que sei o bastante depois de publicas esse post ou enquanto eu o escrevia é ai que seguro minha língua ~meus dedos~ e vou novamente refletir um pouco mais sobre isso.

Obrigado por você que chegou até aqui. Mas agora me diz: e pra você, o que faz um livro ter nota baixa? O uso exagerado do clichê, a morte de um personagem principal ou talvez uma narrativa mal aproveitada? Vamos dividir opiniões nos comentários agora, mas sempre com muita educação e respeito, tá? Témais

Esse post faz parte daqueles trezentos exibidos na série: escrevi, mas não postei. porém ainda da pra postar. obrigada pela visita. 

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