Nem era defeito. Era apenas manias e elas fazem parte de você.
Por muito tempo eu me vi chateada e aborrecida por coisas que você fazia. Coisas que me soavam como mania e falta de atenção. Isso me estressava porque eu sempre tinha que levantar uma observação em cima disso e ainda explicar toda a situação e te fazer entender o porque que aquilo parecia errado e o porque de eu estar incomodada. No fundo eram coisas que me pareciam obvias. E coisas obvias em sua maioria não precisavam ser explicadas. Traçando um passo a passo.
Mas hoje, depois de ler o seguinte trecho "eu não entendia a maior parte do que ele dizia, mas não me importava. Ele foi o primeiro amigo que tive. O primeiro amigo real." em um livro, achei estranho durante os primeiros cinco segundos, afinal como alguém pode não entender a maioria das coisas que o melhor amigo diz e ainda assim aceitar? E então eu me imaginei deitada conversando com você, ouvindo tu falar das coisas daquele jeito que eu nunca entendo, me fazendo te pedir para explicar e logo depois te dizer que aquilo não faz sentido algum.
Ou então, me imaginei em um daqueles momentos onde você fala o começo de uma frase, sempre pela metade, esperando que eu pergunte o resto e você possa enfim contar. Eu sempre ficava chateada, digo ficava, no passado, porque agora não irei ficar mais.
Percebi que ser amigo, ser parceiro é conhecer o outro bem. Conhecer não significa que eu vou te entender sempre, mas que vou reconhecer todas as vezes em que isso não acontecer. E eu te conheço tão bem que já sei de todas as suas manias, as quais me soavam desgastantes. As quais me faziam iniciar uma briga cansativa com você. Agora percebi que eu brigava comigo mesma.
Brigo comido. Porque você é você. As suas manias fazem parte de você. E eu te amo. E principalmente, eu não deveria perder a paciência, nos desgastar e brigar comigo mesma nas próximas vezes porque na verdade você é meu amigo, é meu parceiro, e eu tenho é que ficar orgulhosa e grata de poder reconhecer todas as suas manias — as quais, no passado, me esgotava sempre que eu solicitava para que parasse com elas. Mas elas são você — o que significa que eu brigava comigo mesma. Brigava pra que eu te forçasse a pensar, falar e agir da forma que eu queria.
Peço perdão por isso. Por todas as vezes que te recriminei. Que te fiz sentir inferior e bobo de um jeito negativo, quando na verdade você só estava sendo você mesmo. E eu sempre admirei essa sua liberdade de ser você, mesmo que as vezes me fizesse sentir vergonha (imagine uma risada divertida aqui). Quando na verdade eu deveria era sentir orgulho dessa sua coragem, a qual falta em muitos. Falta em mim — mesmo que eu a tenha reprimida — na maioria das vezes. Reprimida por medo de que você sentisse vergonha de mim também.
E talvez, assim como eu fiz em mim, tenha tentado fazer com você. Mas por favor, seja você mesmo comigo novamente. Com suas manias e com suas brincadeiras. Agora isso também irá me inspirar para que eu seja eu mesma com você e com o mundo também, e bem... se não gosta, fazer o que? Já me reprimi uma vez também, mas não pretendo fazê-lo novamente.
Hoje irei sorrir ao prever que você estará dando uma pausa na fala apenas para que eu pergunte e você finalmente possa completar a sua história. Porque talvez eu não entenda a maioria das frases e piadas que você faz e a lógica de interrompe-las ao meio, mas este é você. Tentar
Eu as amo também.
Novembro de 2018, 10.
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