Falando Sobre Réquiem #3 - Trilogia Delírio de Lauren Oliver
"Queríamos liberdade para amar. Queríamos liberdade para escolher. Agora, temos que lutar por isso." — Lena
Sinopse: No desfecho da trilogia em que o amor é considerado uma doença, Lena é um importante membro da resistência contra o governo. Transformada pelas experiências que viveu, está no centro da guerra que logo eclodirá. Depois de resgatar Julian de sua sentença de morte, Lena e seus amigos voltam para a Selva, cada vez mais perigosa.
Enquanto isso, Hana, sua melhor amiga de infância, foi curada. Ela leva uma vida segura e sem amor junto ao noivo, o futuro prefeito. Às vésperas do casamento e da eleição - cujo resultado pode dificultar ainda mais a vida dos Inválidos - Hana se questiona se a intervenção realmente tem efeito.
Vivendo em um mundo dividido, Lena e Hana narram suas histórias em capítulos alternados. O que elas não sabem é que, em lados opostos da guerra, suas jornadas estão prestes a se reencontrar. || Nota:
|| Título original: Réquiem #3 || Autora: Lauren Oliver || Páginas: 304 || Gênero: Distopia, Romance romântico || Editora: Intrínseca || Lançamento: 2014 || Skoob // Amazon
Como vocês leram na sinopse o livro é narrado entre Hana e Lena no tempo presente e se tinha um ponto de vista para ser narrado seria o da amiga da Lena. Eu nunca confiei muito na Hana desde os últimos capítulos do primeiro volume, Delírio. Vocês não acharam nada muito suspeito? Sei que talvez você tenha pensado, por que não o ponto de vista do Alex? Mas a escolha da Lauren Oliver na verdade foi técnica, pois a narrativa das duas garotas só serve para que nós leitores possamos acompanhar de forma mutua uma narrativa do que acontece na Selva, descrita por Lena e a outra na cidade, descrita por Hana.
Vimos no segundo livro (Pandemônio) que o Alex apareceu. Sim! Apareceu, porque vivo eu tenho certeza que todos nós já sabíamos que ele estava — e se em algum momento duvidamos foi porque o mesmo demorou para surgir na história (por um momento achei até que a autora resolveu de última hora que era melhor torná-lo morto). Sério, até hoje eu fico me perguntando por que a Lena não foi atrás dele, sabe? Para uma pessoa que dizia amá-lo e fugiu para que pudessem viver juntos, ela desistiu muito rápido do "amor da sua vida"! Ficou óbvio no livro anterior que as criptas era um lugar para prender os resistentes, simpatizantes e os doentes. Claro que tinha a chance dele está morto, mas também existia a grande probabilidade dele está vivo. (Eu amo você Tris. Obrigada por nunca ter deixado ninguém para trás!)
As primeiras páginas são narradas por Lena acordando sem ter sonhando, o que não acontece a muito tempo. Eu já comecei passando raiva com ela. Lena se faz de pobre coitada em relação a frieza do Alex. Ele não olha para ela e nem fala com ela. Mas quem não faria isso? A ideia de que "o amor da sua vida" pudesse estar vivo sequer passou por sua cabeça. Até eu torci com o coração prestes a estourar minha caixa torácica da primeira a última página do livro. Provei a minha fé de leitor, rs. Quem seria amável ao ver o que a Lena fez? Ver a pessoa que você ama com outro? Em menos de um ano? Então se até a Lena que estava fora do inferno mudou por causa das dificuldades mortais na Selva aberta, porque o Alex, que estava preso no inferno (criptas) não mudaria?
"É Alex. Mas não o meu Alex: um estranho que nunca sorri, não dá uma gargalhada e mal fala."
Isso me deixou triste. É sempre triste ver pessoas boas mudarem por causa das dificuldades. Mudarem por causa de outras pessoas que a magoaram. Então eu fico pensando no tanto que deve ter sido difícil, agonizante e decepcionante par o Alex. Mas depois me acostumei quando percebi que ele continuava o mesmo, mas não com a Lena e achei bem feito para ela. Podia ter sido pior. Outra coisa que me incomodou é que as vezes, nos livros anteriores, a escrita da autora é algo dela (isso é bom), porém nesse último livro tivera momentos bem previsíveis e clichês que poderiam ser evitados com muita facilidade. Mas falarei disso mais abaixo.
Como boa parte do livro é uma narrativa de: grupo sai de um lugar e vai para o outro, passa fome, frio, cede, salva uma vida, morre dez personagens, você vai se surpreender quando faltar pouquíssississimas páginas e não ver nenhum progressos. Sério! Eu to pasma com o final desse livro. É aquela obra que você vai chegando nas últimas páginas e então chega nas últimas páginas e encontra um beco sem saída (piada interna: a vamos derrubar essa parede aqui e vê o que acontece). Fica tipo: cade a rua para resolver os problemas? Cade o final?
Existiram momentos que eu gostei — não exatamente da escrita — mas de algumas ideias da Lauren. Vemos nos três livros que as personagens femininas são bastante fortes, dedicadas e todos os grupos de inválidos que surgem são liderados por mulheres. A melhor de suas ideias foi escrever um mundo distópico onde o amor é proibido. Tenho certeza que quando alguns autores souberam do seu livro, pensaram: "UAL! mDs! Como eu não pensei em escrever sobre isso antes?" Mas o problema foi esse (risos). Sorry (e não leve para o lado pessoal, Lauren caso um dia você veja isso). Ela começou bem com todas aquelas ideias no primeiro livro, mas foi quando quando chegou no segundo e terceiro... puff! Não sei se ela estava tentando fugir do clichê, mas eu penso o seguinte: uma coisa é você fugir do clichê. Outra é fazer coisas altamente aleatórias. Foram mais de mil mortes nesse livro (só em um massacre) talvez para incrementar a história e até ai tudo bem.
O negocio é que foram tantos personagens que apareciam, morreram e eram salvos... De todo canto surgia pessoas e eu confesso que até hoje só sei o nome de (contando nos dedos) cinco personagens (!) e lembro de dez deles. Foram tantos nomes e apelidos, gente morrendo, viajando, que eu terminei o livro e fiquei me perguntando o que aconteceu com todos os outros personagens que estiveram a sorte de ter sobrevivido e que pareciam ser personagens importantes.
Gente é serio. O livro tinha um proposta tão boa sabe? E não acho que se trata daquela história em que o leitor já esta acostumado com coisas clichês. Na minha opinião tudo isso ainda não faz muito sentido. Partimos do ponto em que o amor era proibido e todos queriam a liberdade, para o ponto de chegada onde (para mim) nada se resolveu! E realmente foram muitas voltas para nada. Então uma dica meu querido escritor, matar personagem principal tudo bem, mas pelo amor dos livros, não deixa um livro sem final! Principalmente uma Distopia! Cheguei na capa traseira do livro e fiquei com a impressão que a autora se perdeu no meio de tanta volta, personagens, desencontros e guerras, que no final não soube como finalizar.
Outra coisa que eu esperava que melhorasse desde o final do primeiro volume (Delírio) eram os personagens. Com exceção da Lena (risos) os demais possuem personalidades ótimas, mas eu terminei a trilogia e digo que não foram personagens bem construídos. Eles são como uma barra de outro: são boas pessoas que poderiam ter sido mais elaborados, explorados... escupidos! Apenas a Lena parece ser uma personagem principal e isso porque é ela quem narra a história. Dependendo dos seus gostos, ela é a tipica personagem que pode te fazer sentir indiferença ou admiração.
Uma coisa que percebi é que o livro é para se tratar do amor, mas o tempo todo e em todos os volumes, eles (os Inválidos) que reivindicavam a liberdade para fazerem escolhas e poderem amar, diziam que deveriam deixar seus passados para trás. Deixar as pessoas para trás... Teve momentos em que nem a amizade eram validas para eles. É aquela questão de "primeiro eu, depois você" e me desculpem se estou sendo uma crítica severa, mas não costuma ser isso que costumamos ver quando se trata da reivindicação do direito de amar.
Por fim, teve tanto detalhes desnecessários, tantas palavras para descrever um vento, um chão, que no momento crucial a autora cansou. Eu comecei a escrever essa resenha três dias depois do final da leitura, no estilo Bukowski (nua e crua), e revisei cinco vezes para não parecer muito grossa. Então me desculpem se ainda assim eu acabei sendo, mas eu precisava desabafar. A Reni diz que eu fiquei revolts com esse livro, e ela não está errada. Eu nem vou falar do Julian nessa resenha porque para mim ele parece mais um jogador Chamariz (serve de isca) no Vôlei (com todo respeito a estes jogadores, é claro). Mas eu preciso perguntar cade o sentido da coisa toda? Foram três livros!
Eu vejo essa trilogia como uma teia que cheia de fios (detalhes, guerras, personagens), onde a autora não se importou para onde estava "teiando" e acabou se enroscando nas próprias amarras. Desculpe se estou sendo grossa mais uma vez, mas não se pode lançar uns parágrafos com palavras bonitas mandando você derrubar os próprios muros (tenho uma piada bem legal e sarcástica para isso) da sua vida e esperar que eu dê conta do resto. Sei que a vida é cheia de incertezas, mas se a Lauren começou falando tudo certo sobre sociedade, governo, rebeldes, eu aposto que no mínimo um certeza a autora poderia ter nos dado.
Até pesquisei se seria lançado um quarto volume (na época) e definitivamente não! Pensei também em como séria se lançassem uma adaptação cinematografia, e não é que achei um trailer no YouTube, em meio ao booktrailer? Por fim, depois de vê-lo (e ao episódio piloto) me contentei com o final de Réquiem. Que bom que não lançaram a adaptação. Depois que lerem a trilogia espero que vocês possam entender o meu desabafo-opinião-resenha sobre esse último livro e a piada interna. ❥
Está é uma daquelas resenhas escrita há tempo demais para ser lembrada a sua data exata. No entanto, a minha opinião a respeito da obra permanece a mesma. (:
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