EuAssisti | Benny e Joon — Corações em Conflitos (1993)

by - outubro 05, 2018



               Jhonny Depp como ator é um dos meus artistas favoritos e sempre foi antes mesmo de eu saber quem era e que era ele em todos aqueles personagens que mais me intrigavam (Edward, Capitão Jack e Chapeleiro) nos filmes que eu assistia na Sessão da Tarde e Temperatura Máxima (eu simplesmente acho que os personagens interpretados por esse cara devem ser estudados pela NASA). E quando achei que era apenas coincidência que as personalidades dos seus personagens fossem, na maioria das vezes semelhantes, e complexos, assisti a “Benny & Joon”, de 1993 denominado no Brasil como Benny e Joon — Corações em Conflito.

              Juniper (Mary Stuart) ou Joon como é chamada, é portadora de uma doença mental apesar do filme nunca dizer ou afirma isso além da frase "doente mental". Ela é adulta sob os cuidados do irmão mais velho, Benjamin ou Benny, (Aidan Quinn) um mecânico na casa dos trinta e poucos anos de idade. Ele cuida da irmã desde que os pais faleceram num acidente quando ainda eram adolescentes, o que toma boa parte do seu tempo que deveria ser livre. Mas apesar de sentir falta de poder ter um relacionamento e tempo para si mesmo como a maioria dos homens na sua idade, Benny não se importa e cuida extremamente bem dela e com muito carinho.



É um filme simples, mas que particularmente eu achei tão interessante, sem falar que foi uma experiência incrível de ver o Jhonny Depp atuando antes do famoso Piratas do Caribe — inclusive, se você também pestear atenção irá ver que muitos dos gestos e movimentos que o Depp carrega em seus personagens na verdade é algo do próprio ator, como o modo de erguer um dedo ou mudar um pé do outro... enfim. Não costumo assistir a produções antigas, então foi bacana poder ver desde a abertura antiga da distribuidora da época até a escolha do fim do enredo (que tenho certeza que seria diferente hoje eu dia).

              Nos primeiros minutos de filme somos apresentados a rotina diária de uma família (nesse caso apenas um irmão) com um familiar portador de doença mental, a qual não é esclarecida no filme. Joon não mantém boas relações com suas cuidadoras, afinal elas não se entendem muito bem e após a última ser expulsa a louças na parede, Benny tenta equilibrar as horas trabalhando na oficina com ficar de olho na irmã até arrumar uma nova para ficar em casa cuidando dela. Eu nunca pesquisei muito sobre o assunto, então fiquei surpresa ao ver que o comportamento da Joon pode ser variável: ela consegue ser racional e independente, e no minuto seguinte ter atitudes aleatórias como fingir ser um guarda de trânsito usando uma mascara de mergulho enquanto engarrafa um cruzamento movimentado.

              Assim como Benny cuida bem de Joon, existem pessoas que não sabem lhe dar com um doente mental, como é o caso do Thomas (Dan Hendaya) que em uma certa noite em sua casa — após Benny levar Joon consigo por não ter com quem ficar — ele aposta o próprio primo "burro e semi-analfabeto", Sam (Jhonny Depp), caso ele ganhe o jogo. Joon acaba perdendo e Benny se vê tendo que levar o rapaz novo na cidade para casa. É ai que o filme começa realmente a mostrar pra que foi produzido.


              O telespectador percebe que Sam também possui uma alteração mental. Ele tem uma noção das coisas, do que fazer e não fazer, mas também tem comportamentos divertidos, como imitar o Charles Chaplin, passando um ar infantil ou de uma criança levada para brincadeiras, ao mesmo tempo que se mostra bastante responsável, carinhoso e atencioso com a nova família (Benny e Joon). Não sei porque, mas em todos os personagens que Jhonny Depp interpreta, dentro de toda aquela animação, sarcasmo e maluquice, sempre parece ter algo mais. Um sentimento de tristeza. Algo escondido. E ele passa as emoções dos seus personagens muito bem. Mesmo que indiretamente.

Fiquei angustiada em alguns momentos pensando no que poderia dar errado, se algum dos três personagens poderiam acabar fazendo alguma coisa prejudicial, e essa ignorância da minha parte sobre a doença acabou me fazendo pesquisar sobre ela no final do filme. “Benny e Joon” além de mostrar, mesmo que de uma forma não tão profunda, em comparação como ela poderia ser abordada nos dias de hoje, mostra em como as pessoas que tem essa doença dependendo do seu nível também podem ser inteligentes, desenvolver relações pessoais e amorosas, e serem criativas, como é o caso da Joon que pinta quadros e do Sam que possui um lado artístico circense (malabarismo, mágicas, etc) tudo de um jeito não quociente. A medida que as cenas e os acontecimentos vão passando o telespectador começa a ficar por dentro do comportamento da personagem, como também acompanhar o lado do seu familiar e como isso afeta a sua própria vida.

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