Adaptação "Eu Mato Gigantes". Um pouco de realidade e fantasia.
Barbara (Madison Wolfe) aparentemente está entrando na pré-adolescência, a jovem passa os horários depois da escola pesquisando e elaborando armadilhas para matar os gigantes e salvar a cidade. A garota é vista como esquisita de um jeito preocupante e até apelidada de psicopata no colégio. Em casa é bastante reservada e durante todo o tempo os gingantes e a sua morte é a sua única preocupação. Apesar de ser bem na sua, Barbara não tolera pessoas invasivas e sabe rebater com rebeldia a qualquer provocação e incomodo.
Comecei a assistir Eu Mato Gigantes achando que seria mais um daqueles filmes "Sessão da Tarde", no estilo Ponte para Terabitia. Você tem uma menina fugindo dos problemas de casa e se refugiando em um mundo fantasioso, armadilhas, florestas com seres mágicos e gigantes. Eu poderia esclarecer muitas coisas para vocês que seria importante para entenderem como Eu Mato Gigantes é um filme muito bonito, mas isso acabaria com todo o seu lado mágico. Digo apenas que é uma obra reflexiva.
Em questões visuais o filme é composto por paisagens naturais (florestas e o mar) e isso de certa forma compõe a narrativa do filme, que com o passar dos minutos deixa de ser categorizado como "sessão da tarde" e se torna uma daquelas especiais onde, se você prestar atenção, vai ver que a jovem Barbara está sofrendo de alguma coisa muito perturbadora e que vai além de simples gingantes que precisam morrer. É como um universo paralelo. Acompanhamos o dia a dia da menina em casa, na escola, com sua psicologa e ao mesmo tempo em que estamos vendo o que ela vê, conseguiram criar um mistério que nos faz sentir que falta uma peça importante. Tem algo errado. Tem alguma coisa que não estamos vendo, mas que sabemos o que eles estão contando. E é ai que a obra deixa de ser um filme puro de fantasia e eu chorei duas vezes quando percebi do que aquilo tudo se tratava.
Eu Mato Gigantes é a adaptação de um graphic novel de mesmo nome escrito por Joe Kelly e Ken Niimura's. É uma adaptação muito bonita, tanto em sua história que consegue manter o mistério, tanto visualmente. Recomendo a qualquer pessoa e principalmente aos adultos que já são pais, tios, etc. Acredito até mesmo que existe muitas Barbaras que não são mais crianças, mas que ainda hoje vivem em seu mundo particular. O filme é como um poema sombrio, porém lindo, triste, feliz e muito inspirador. A obra cinematográfica é uma daquelas que me fazem lembrar para que serve a arte. Em como ela se inspira e inspira a nossa vida. Eu assistia a personagem da Madison Wolfe (Barbara), não lutando, mas ansiando em lutar contra os gigantes, fazendo experimentos, vigiando o céu e o mar e ainda assim eu via que tinha algo a mais. É uma metáfora. E vocês estão se cansando de saber o quanto eu amo isso...
Eu amei o filme. A sua fotografia, a escolha do elenco e a forma de narrativa. Os efeitos sonoros e até mesmo os efeitos especiais. É um filme bem família onde as crianças verão fantasia, mas os mais jovens irão ver além. Achei sábio como conseguiram contar a história da menina e da sua família mesmo sem nos mostrar tudo diretamente. Ver a dor pelos olhos de uma criança de um jeito inocente e aterrorizante é um daqueles sentimentos que não tem nome, mas que toca na alma e nos trás boas lições. Eu Mato Gigantes é um filme que mostra como a dor pode afetar uma criança e que as vezes não vemos isso. O que é criado em seu subconsciente e como isso reflete em todos a sua volta. E o mais irônico e que foi muito bem calculado é que se você não der atenção a personagem enquanto assiste, só irá perceber tudo no final. É triste e encantador (apesar de não ser o adjetivo certo) a forma como seus medos e sua realidade é representada no filme.
Nome original: I Kill Giants
Direção: Anders Walter
Duração: 106
Lançamento (EUA): 23 de Março de 2018
Elenco: Madison wolfe, Zoe Saldaña, Imogen Poots, Sydney Wade.
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